Acordei animada apesar do tempo nada agradável, afinal, as festas de final de ano são uma ótima oportunidade para rever pessoas que moram longe, e renovar as metas para acreditar que no próximo ano elas irão de fato concretizar-se. Levantei-me, e enquanto Katy Perry tocava em alto e bom som, eu me arrumava para sair e imaginava o que compraria para algumas pessoas.
Era uma manhã estranhamente fria para uma típica véspera de natal no sul, e eu andava pela rua desviando das pessoas que pareciam simplesmente nem notar umas as outras, estavam cegas demais diante de tantas sacolas de presentes e tantas lojas em promoção em suas frentes.
Foi quando vi um menino pedindo dinheiro em uma esquina. Sorridente, alegre, e de aparência humilde, as pessoas pareciam não notar que ele estava ali. Fui me aproximando do menino quando por fim ele me parou na rua:
-'Desculpa, será que a senhora poderia me dar uma moedinha? - Disse, com uma expressão preocupada.
Perguntei-lhe o motivo de estar pedindo dinheiro, e foi então que minha visão expandiu-se diante da situação, e pude compreender que naquele instante eu estava aprendendo mais com o menino do que o ajudando de fato.
-Quero poder presentear minha mãe e minha irmã neste natal somos só nós 3 e minha mãe não tem dinheiro para nós. - Disse.
Descobri que o menino á minha frente chamava-se Josué. Josué tinha 10 anos, uma criança de natureza humilde que queria voltar para casa com um presente para sua mãe que estava doente sem poder trabalhar e sua irmã mais nova. Ao lhe perguntar que presente sua mãe gostaria de ganhar, senti-me emocionada, ele apenas queria conseguir comprar três canecas do time do Grêmio no qual a sua família torcia, Josué me pareceu uma criança sofrida e sonhadora, enquanto eu lhe pagava um café, ele me contava sua vida, não tinha contato com o pai, o mesmo havia sido preso, o motivo? Não sei e nem quis lhe perguntar. Mudei o assunto e lhe perguntei o que ele gostava de fazer, Josué me disse que gostava de brincar mas que tinha que ajudar a mãe, e quando podia (somente na escola) ele gostava de desenhar. Josué terminou seu café e eu lhe disse que se me prometesse passar de ano na escola no ano seguinte, eu lhe compraria os presentes.
-Eu prometo sim tia. Me disseste sorrindo.
Não demorou muito para encontrarmos as canecas que ele queria em uma loja, aproveitei e lhe comprei alguns livros de desenho e lápis de cor, Josué não conseguia se conter de alegria, quando saímos da loja, Josué me abraçou e disse que jamais iria me esquecer.
E foi assim que meu final de semana mudou completamente, pois eu havia saído de casa para comprar presentes para meus familiares e amigos, quando na verdade o que as pessoas mais necessitam é aquilo que o dinheiro não pode comprar, amor, alegria, atenção, carinho.
Quantas vezes você andou na rua olhando as pessoas? Saindo de dentro da sua bolha individual ? Talvez há inúmeros Josués todo dia por aí, esperando um pouco de atenção. Eu desejo que você faça alguém sorrir após ler esse texto, e eu desejo que isso te faça bem.
Obrigada Josué, eu lhe dei os presentes mas você me deu o presente mais caro, uma lição de vida, ter o prazer de te fazer feliz, e mudar o natal da tua família com tão pouco. Obrigada Josué, eu é que nunca vou esquecer você. Obrigada por existir Josué, eu acredito em você.
E você que está lendo esse texto, faça alguém feliz hoje, um simples sorriso pode ser transformador. Ainda há gentilezas no mundo, e se não houver, seja a gentileza que está faltando nele.
Por: Nataly Duarte
Próximo Texto: 2. Maria, a garota que sentia-se estranha.